A Glândula TIREÓIDE
O que é a tireóide e onde se localiza no corpo humano?
A glândula tireóide é um órgão do sistema endócrino do corpo humano.
Ela se localiza na porção central e inferior do pescoço, logo abaixo
do "Pomo de Adão", que é uma cartilagem da laringe. Toda vez que
ocorre o movimento de deglutição, a glândula tireóide se movimenta
para cima e para baixo junto com a laringe.
Para que serve a glândula tireóide?
A tireóide é produtora dos hormônios tireoidianos (T3 e T4), que são
responsáveis pelo controle de diversas partes do metabolismo dos
órgãos do corpo humano. Sua atividade (produção e liberação dos
hormônios) é controlada pela hipófise, através de uma substância
chamada TSH (hormônio estimulante da tireóide).
Quais as doenças que podem acometer a glândula tireóide?
A tireóide pode sofrer de doenças que acometam sua forma (aumento
difuso ou nodular), sua função (hipertireoidismo ou hipotireoidismo),
ou ambas.
Os nódulos de tireóide podem ser únicos ou múltiplos, benignos ou
malignos, produtores de hormônio ou não. A grande maioria dos
nódulos tireoidianos são benignos e não produzem hormônios. (Para
informações sobre nódulos malignos, veja câncer de tireóide).
Geralmente a presença dos nódulos não interfere na produção global
de hormônios, pela glândula, mas alguns nódulos podem produzir
hormônios em excesso, independentemente do controle da hipófise.
Devido à presença dos nódulos, a glândula pode adquirir grandes
dimensões, causando sintomas compressivos cervicais (falta de ar ou
dificuldade para engolir). Porém, nem todas as tireóides aumentadas
têm nódulos, uma vez que a glândula pode estar difusamente aumentada
(em geral devido à deficiência de Iodo ou às doenças auto-imunes).
Para informações sobre alterações na função da glândula, ver
hipotireoidismo e
hipertireoidismo.
O que é bócio? Qual a sua freqüência na população?
Bócio é definido como um aumento da glândula tireóide. Este aumento
pode ser devido à nódulos, doenças inflamatórias (tireoidites) ou
aumento difusos da glândula.
A freqüência de bócio multinodular chega a 30% da população mundial.
Em 1990, mais de 650 milhões de pessoas no planeta eram afetadas por
bócio, principalmente devido à carência de Iodo em algumas regiões
centrais da África e da China. No Brasil, em 1955, 20,7% das
crianças, em idade escolar, apresentavam bócio endêmico. Este número
caiu para 14,1% em 1974 devido às medidas de acréscimo de Iodo ao
sal de cozinha.
Por que aparecem os nódulos na tireóide?
As causas dos nódulos da tireóide tem sido amplamente estudadas e
debatidas. Os fatores mais claramente relacionados com a formação de
nódulos são a carência de Iodo na dieta e o hipotireoidismo
(elevação do TSH). Há, sem dúvida, uma maior predisposição de se
desenvolver nódulos tireoidianos com o aumento da idade. Alguns
estudos mostram que o consumo de Iodo em excesso, leva ao
aparecimento do bócio, assim como a gravidez, aumenta as chances de
aparecimento de nódulos.
A glândula tireóide faz engordar ou emagrecer?
A crença de que quem tem doença de tireóide engorda ou emagrece deve
ser esclarecida. De maneira geral, portadores de hipotireoidismo
tendem a ganhar peso, e portadores de hipertireoidismo tendem a
perdê-lo, devido as alterações das taxas de metabolismo corpóreo,
que essas doenças causam. Porém, há diversos graus de alterações da
produção de hormônios, que nem sempre refletem no peso do indivíduo.
Pacientes com hipotireoidismo discreto podem não perder peso e
pacientes com hipertireoidismo podem ter grande aumento do apetite,
vindo até a ganhar peso. Além disso, desde que não haja
interferência na produção dehormônios, a presença de nódulos não
causa alterações de peso e quando o hipotireoidismo ou o
hipertireoidismo estiverem tratados, o peso tende a se estabilizar.
Ainda assim, apesar da obesidade ser uma doença muito freqüente na
população, e nem sempre estar relacionada a problemas de tireóide,
indivíduos que têm grandes ganhos ou grandes perdas de peso devem
procurar atendimento médico especializado, não só para investigação
de doenças tireoidianas, como também para tratamento desta condição
mórbida.
As doenças da tireóide afetam a voz?
Raramente. O hipotireoidismo é uma condição clínica que pode levar,
em alguns casos, à rouquidão e alterações no timbre da voz (voz mais
grossa).
O câncer de tireóide, principalmente nos estágios iniciais,
dificilmente leva à rouquidão. Somente casos avançados costumam
levar a alterações na função das cordas vocais.
As doenças da tireóide causam dor no pescoço?
A grande maioria das doenças tireoidianas não causam dor, mas
algumas condições podem causar. A tireoidite subaguda (chamada de
DeQuervain) é uma doença relativamente incomum que pode, em seus
estágios iniciais, causar dor cervical na região da tireóide, e a
tireoidite aguda (infecção bacteriana da tireóide, doença raríssima)
também causa dor. Nódulos que apresentem rápido crescimento (em
geral devido ao sangramento intranodular) podem apresentar dor
localizada.
A tireoidite de Hashimoto, que é a doença tireoidiana mais comum e
causa hipotireoidismo, não causa dor, pois, apesar de ser um
processo inflamatório da glândula, é extremamente lento e crônico.
De qualquer forma, as dores oriundas da glândula tireóide costumam
ser localizadas na região da glândula, e são muito menos freqüentes
do que outras doenças que causam dor no pescoço (como doenças de
coluna ou aumento inflamatório de linfonodos cervicais).
Quais são os exames para avaliar os problemas da tireóide?
Os exames que freqüentemente são pedidos para avaliar os distúrbios
da glândula tireóide são:
• Dosagem de hormônios tireoidianos e TSH: Normalmente são
solicitados o TSH e o T4 livre, que serão os hormônios que mais
influenciarão nas decisões clínicas. Eles avaliam a função da
glândula tireóide sendo que o TSH elevado indica hipotireoidismo e o
TSH diminuído indica hipertireoidismo. Em algumas situações são
solicitados o T4 total, T3 total e o T3 livre.
• Dosagem de anticorpos tireoidianos: São solicitados para avaliar a
presença de algumas doenças autoimunes da tireóide como a tireoidite
de Hashimoto, a tireoidite subaguda e a Doença de Graves (hipertireoidismo).
São eles o anticorpo anti peroxidase (Ac TPO), anticorpo
anti-tireoglobulina (AC TG) e anticorpo anti receptor de TSH (TRAB).
• Ultrasson de tireóide: É extremamente importante para avaliar a
presença de nódulos tireoidianos, principalmente os não palpáveis.
Informações como tamanho, localização dentro da glândula e
características dos nódulos norteiam as decisões cirúrgicas, assim
como servem para o acompanhamento clínico dos mesmos.
O Doppler, associado ao ultrasson, fornece informações sobre a
vascularização dos nódulos , que podem aumentar as suspeitas de
malignidade.
• Biópsia por punção aspirativa com agulha fina (PAAF):
Exame fundamental para se tomar a decisão de se realizar a cirurgia
de tireóide, pois é o mais sensível para detectar malignidade. O
exame consiste em colher células dos nódulos tieoidianos, através de
uma punção com agulha orientada ou não por ultrasonografia.
Basicamente, os resultados podem ser benignos (bócio colóide, bócio
adenomatoso, tireoidite crônica linfocitária, cisto colóide),
malignos (carcinoma papilífero, carcinoma medular ou anaplásico) ou
suspeitos (padrão folicular, padrão folicular com células
oncocíticas ou Hürthle, padrão papilífero).
Tanto os resultados malignos como os resultados suspeitos
normalmente são indicativos de cirurgia, por suspeita de ser um
câncer de tireóide. Em muitas situações, somente a ressecção e
posterior análise anátomo-patológica do nódulo é que vai determinar
se o nódulo é de fato maligno ou não.
• Cintilografia de tireóide: É um exame menos solicitado hoje em
dia. Ele avalia aspectos funcionais da glândula e costuma
classificar os nódulos em quente, frios ou mornos. Antigamente os
nódulos frios eram tidos como suspeitos de câncer. Esta
classificação é pouco útil atualmente para avaliar malignidade, já
que a punção por agulha fina é um exame muito mais sensível e
especifico.
• Raio X cervical: este exame serve para avaliar se a tireóide está
causando compressão e desvio das estruturas cervicais como a
traquéia. Tireóides de tamanho aumentado podem comprimir a traquéia
ou ter crescimento para o tórax (bócios mergulhantes).
• Tomografia Computadorizada e Ressonância Nuclear
Magnética: Não são solicitações de rotina. São úteis em bócios
volumosos e mergulhantes, e para avaliar possíveis invasões de
estruturas adjacentes, em casos de câncer de tireóide avançados.
Neste último, é preferível a ressonância nuclear à tomografia, pelo
fato da primeira não utilizar contraste iodado, o que pode retardar
o tratamento com Iodo radiaotivo, pós-operatório, de cirurgia de
câncer de tireóide.
Por que se faz a cirurgia da tireóide?
As principais razões para se realizar a tireoidectomia são:
Suspeita de malignidade: Apesar de não ser freqüente, o nódulo de
tireóide pode ser um câncer de tireóide. Quando o médico suspeita de
malignidade pela palpação dos nódulos tireóidianos ou pelo exame de
punção aspirativa por agulha fina (PAAF), somente a cirurgia pode
dar a certeza se o nódulo é maligno ou não.
Compressão cervical , desvio de traquéia ou bócios mergulhantes:
Tireóide muito aumentada ou com nódulos que levam a sintomas de
compressão de estruturas cervicais, causando dificuldades para
engolir e respirar são também motivos que levam à cirurgia.
Tireóides que cresceram em direção ao tórax, ou bócios mergulhantes,
também devem ser operadas.
Hipertireoidismo refratário ao tratamento clínico: Indica-se tireoidectomia quando o paciente não tolera o tratamento com
remédios ou este não está sendo suficientemente eficaz para
controlar o hipertireoidismo, principalmente quando a tireóide for
muito aumentada ou com nódulos.
Estético: Embora não seja uma indicação comum, nódulos que levam a
um desconforto estético podem justificar uma cirurgia de tireóide.
Posso viver sem a glândula tireóide após sua retirada cirúrgica?
Sim.
Os hormônios produzidos pela glândula podem ser substituídos pelos
análogos sintéticos presentes em alguns medicamentos. Todo hormônio
que era produzido pela glândula, deverá ser tomado através de
comprimidos, sem que haja qualquer prejuízo para a saúde do
indivíduo.
Fonte:
Adaptado de: Capuzzo, R. O que você precisa saber sobre
tireóide. Disponível em
www.sbccp.org.br
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