CÂNCER DE TIREÓIDE
Como o câncer de tireóide normalmente se apresenta?
A típica apresentação do câncer de tireóide é em paciente feminino
de 30 a 50 anos com um nódulo palpável cervical que representa um
nódulo tireoidiano ou um linfonodo cervical. A freqüência em
mulheres é duas vezes maior que nos homens. Quando o diagnóstico é
feito, os nódulos tireoidianos são habitualmente de 1 a 4
centímetros e apresentam metástases linfonodais em um terço, mas
raras vezes, metástases à distância são encontradas. É pouco
freqüente o câncer de tireóide estar causando rouquidão ao ser
descoberto.
O câncer de tireóide é comum?
O câncer de tireóide não é um câncer comum, ele representa 1 a 2% de
todos os cânceres. Todavia é o tipo de câncer endócrino mais comum e
é um dos poucos tipos de câncer que tem aumentado sua incidência com
o tempo. Em parte, este fenômeno é explicado pelo aumento do
diagnóstico precoce através de exames de tireóide, por outros
motivos.
Estima-se que anualmente, 18 em cada 100.000 mulheres desenvolvem
câncer de tireóide no Brasil. A proporção de incidência entre homens
e mulheres é de um homem para cada três mulheres.
Como se trata o câncer de tireóide?
Basicamente o tratamento é cirúrgico e consiste em realizar a
tireoidectomia total. A cirurgia retira a glândula tireóide e
resseca gânglios linfáticos adjacentes, acometidos pelo tumor, o que
se chama de esvaziamento cervical. No pós-operatório faz-se a
supressão hormonal, que consiste em repor o hormônio tireoidiano com
uma dose um pouco superior à necessária, com o intuito de diminuir a
produção, pela hipófise, do TSH, um hormônio que estimula o
crescimento do câncer de tireóide. O objetivo é deixar os níveis de
TSH em um valor inferior ao nível normal.
A radioterapia e a quimioterapia são usadas para o câncer de
tireóide?
Raramente. O câncer de tireóide normalmente não responde bem a estes
tratamentos, mas algumas vezes são indicados em tumores avançados de
tireóide.
Como é o tratamento com iodo radioativo?
Quando o médico indica o tratamento com iodo radioativo, este só
acontece após a cirurgia de tireoidectomia total. É necessário que o
paciente esteja em hipotireoidismo e portanto só ocorrerá cerca de
30 dias ápos o paciente estar sem reposição hormonal tireoidiana. Há
também uma rigorosa dieta a ser seguida e é necessário evitar
contato com qualquer substância que contenha iodo em sua composição.
Para o tratamento é necessário internação hospitalar de 3 dias em
regime de isolamento porque após a ingestão da dose de iodo
radioativo, são necessárias medidas para evitar a contaminação
ambiental e de pessoas próximas, pois a radiação é eliminada pela
pele, urina e fezes.
Felizmente, este tratamento apresenta poucos efeitos colaterais e em
geral são bem tolerados. Sensações como alteração do paladar e
inflamação nas glândulas salivares podem ocorrer.
As chances de cura são boas?
Sim, cânceres de tireóide em estágios iniciais tem chance de cura
maiores que 90%. Diversos estudos revelam que pacientes submetidos
ao tratamento de câncer bem diferenciado de tireóide tem até 95% de
chance de estar vivos após 20 anos. Os pacientes que não apresentam
boa evolução normalmente recorrem precocemente. Pacientes com
metástases cervicais não têm uma chance maior de morrer pela doença.
Quais são os fatores que influenciam na evolução do câncer de
tireóide?
Os fatores que influenciam negativamente na evolução do câncer bem
diferenciado de tireóide são:
• Pacientes com mais de 45 anos
• Tumores maiores de 4 cm
• Presença de metástases à distância
• Presença de tumor que invade as estruturas adjacentes e não é
totalmente ressecado
• Alguns tipos mais agressivos de tumor.
O câncer de tireóide normalmente volta? Ele pode ser fatal?
Até um terço dos cânceres bem diferenciados de tireóide recidivam e
retornam principalmente em gânglios (linfonodos) cervicais. Podem
passar até 20 anos para o câncer de tireóide reaparecer, por isso é
necessário seu seguimento a longo prazo. Este seguimento envolve o
exame físico cervical e exames laboratoriais como tireoglobulina
(marcador tumoral), TSH, ultra-sonografia cervical, cintilografia de
corpo inteiro, raio X e ressonância magnética.
O câncer de tireoide pode ser fatal e normalmente isto acontece
quando os fatores da questão anterior ocorrerem.
Calcula-se que nos EUA, cerca de 1490 pessoas morreram de câncer de
tireóide em 2005.
Vou ter vida normal após o tratamento do câncer de tireóide?
Sim. Conforme já dissemos, as chances de cura são ótimas. Só será
necessário a reposição hormonal, sempre acompanhada pelo médico
Endocrinologista ou Cirurgião de Cabeça e Pescoço. Esta reposição
não traz limitações para as atividades cotidianas e apresenta poucos
efeitos colaterais.
Como posso saber se tenho câncer de tireóide?
Procure um médico Endocrinologista ou Cirurgião de Cabeça e Pescoço
que avaliará sua tireóide pela palpação e exame de ultra-sonografia
para checar se você não apresenta nódulos tireoidianos. Se estes
forem encontrados, pode ser necessário realizar um exame de punção
aspirativa por agulha fina, que é a melhor forma de verificar se um
nódulo é maligno ou não.
O câncer de tireóide é hereditário ? Qual a sua causa?
Aproximadamente 5 a 10% dos casos de câncer de tireóide têm história
semelhante na família. O carcinoma medular de tireóide pode estar
associado a uma síndrome genética com forte componente hereditário
familiar, chamado Neoplasias Endócrinas Múltiplas (NEM).
A principal associação de câncer de tireóide está em pacientes que
receberam radiação em suas glândulas tireóides. Alguns anos depois
do desastre de Chernobyl e após a bomba de Hiroshima houve uma
incidência muito aumentada de câncer de tireóide nestes locais,
principalmente em crianças.
Fonte:
Adaptado de: Capuzzo, R. O que você precisa saber sobre
tireóide. Disponível em
www.sbccp.org.br
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