CIRURGIA DA TIREÓIDE
Orientações para cirurgia de tireóide
A cirurgia para a retirada de toda a glândula tireóide ou parte
dela, é denominada tireoidectomia. O tipo de cirurgia, ou seja,
tireoidectomia total ou parcial, irá depender de diversos fatores,
que o médico irá discutir com seu paciente. De uma forma geral, a
cirurgia de tireóide evolui bem, com raras complicações, mas alguns
detalhes devem ser esclarecidos aos pacientes.
Por que se faz a cirurgia da tireóide?
As principais razões para se realizar a tireoidectomia são:
1. Suspeita de malignidade: Apesar de não ser freqüente, o
nódulo de tireóide pode ser um câncer de tireóide. Quando o médico
suspeita de malignidade pela palpação dos nódulos tireóidianos ou
pelo exame de punção aspirativa por agulha fina (PAAF), somente a
cirurgia pode dar a certeza se o nódulo é maligno ou não.
2. Compressão cervical, desvio de traquéia ou bócios mergulhantes:
Tireóide muito aumentada ou com nódulos que levam a sintomas de
compressão de estruturas cervicais, causando dificuldades para
engolir e respirar são também motivos que levam à cirurgia.
Tireóides que cresceram em direção ao tórax, ou bócios mergulhantes,
também devem ser operadas.
3. Hipertireoidismo refratário ao tratamento clínico:
Indica-se tireoidectomia quando o paciente não tolera o tratamento
com remédios ou este não está sendo suficientemente eficaz para
controlar o hipertireoidismo, principalmente quando a tireóide for
muito aumentada ou com nódulos.
4. Estético: Embora não seja uma indicação comum, nódulos que
levam a um desconforto estético podem justificar uma cirurgia de
tireóide.
Posso viver sem a glândula tireóide após sua retirada cirúrgica?
Sim.
Os hormônios produzidos pela glândula podem ser substituídos pelos
análogos sintéticos presentes em alguns medicamentos. Todo hormônio
que era produzido pela glândula, deverá ser tomado através de
comprimidos, sem que haja qualquer prejuízo para a saúde do
indivíduo.
Riscos
Toda cirurgia envolve risco de complicações. Apesar da cirurgia de
tireóide ter um índice muito baixo de complicações, aqui serão
relatadas as mais importantes que o paciente deverá saber:
Hematoma
É uma complicação que pode por em risco a vida do paciente.
Apesar da grande preocupação do médico para que não haja sangramento
no pós-operatório, pode ocorrer um acúmulo de sangue no local
operado (hematoma), podendo levar à dor e dificuldade de respirar.
Esta é uma condição que tem de ser avaliada imediatamente pelo
cirurgião, que pode decidir reoperar, em caráter de urgência.
Alterações da Voz
Um em cada 10 pacientes que são operados da glândula tireóide,
apresenta alguma alteração temporária na voz, enquanto que 1 em cada
250 pode evoluir com alterações definitivas. Isto ocorre devido à
proximidade da glândula com os nervos responsáveis pelos movimentos
das cordas vocais.
Estas mudanças na voz podem ser rouquidão, dificuldade em alcançar
notas agudas ou cansaço ao falar. Normalmente regridem em algumas
semanas, mas podem perdurar por vários meses. A reabilitação vocal
ocorre através da terapia fonoaudiológica pelo profissional
fonoaudiológico.
Hipocalcemia
Junto à glândula tireóide, existem as glândulas paratireóides, que
em geral são em número de 4. Elas são responsáveis pela produção de
um hormônio (PTH) que regula o nível de cálcio no sangue.
Após uma tireoidectomia, pode haver uma diminuição temporária ou
definitiva da função destas glândulas, levando à queda dos níveis de
cálcio no sangue(hipocalcemia). Felizmente, é muito raro ocorrer uma
deficiência definitiva na função que é chamada de
hipoparatireoidismo definitivo e quase sempre está associada com a
tireoidectomia total.
O paciente pode apresentar como sintomas, formigamentos nas mãos,
nos pés, ao redor dos lábios e nas orelhas que podem evoluir para
cãimbras. O tratamento consiste em receber grandes doses de cálcio e
vitamina D. Raramente estes sintomas ocorrem em tireoidectomias
parciais.
Cicatriz
Todo corte sobre a pele produz cicatriz. Contudo, dificilmente as
cicatrizes de tireoidectomia produzem marcas com mau resultado
estético, pelo contrário, são normalmente discretas.
O tamanho da incisão cirúrgica varia de 3 a 15 cm, dependendo do
tamanho da tireóide, aspectos anatômicos do paciente, tipo de
cirurgia e da experiência do cirurgião em realizar incisões
pequenas.
As cicatrizes hipertróficas, popularmente chamadas de quelóides, são
cicatrizes mais grossas, endurecidas e avermelhadas. Fatores como
predisposição racial (japoneses), localização no corpo (tórax),
complicações na ferida cirúrgica (infecções) e aspectos técnicos
cirúrgicos estão relacionados com este tipo de complicação.
A exposição solar deve ser evitada diretamente sobre a cicatriz, por
um período de até 4 meses após a cirurgia. Isto pode ser conseguido
com o uso de protetores solares (Mínimo FPS 30), visando um melhor
resultado estético da cicatriz.
Pré operatório
Cirurgia
Tipo de anestesia:
A anestesia geral é a utilizada pela grande maioria dos médicos.
Poucos serviços utilizam a anestesia local e não foi demonstrado
nenhum benefício em relação à anestesia geral, que é mais segura e
confortável para o
paciente.
Tempo de Internação Hospitalar
É claro que diversos fatores como tipo de cirurgia, complicações
clínicas do paciente e evolução pós-operatória, influenciam no tempo
de internação. Se não houver nenhum problema, a média de internação
é de 1 dia, ou seja, o paciente recebe alta no dia seguinte à
cirurgia.
Dreno
O local que foi operado produz umasecreção sanguinolenta que é
drenada por um mecanismo de aspiração a vácuo, o dreno. Este dreno,
normalmente, está localizado abaixo da incisão cirúrgica e permanece
até o momento em que se der alta ao paciente. Quando o dreno é
retirado, é normal quefique saindo um pouco de secreção
sanguinolenta, pelo orifício do dreno, que vai diminuindo
progressivamente até o orifício fechar sozinho, o que dura por volta
de 2 dias. Enquanto isso, um curativo com gaze e micropore deve
ocluir o local, e deve ser trocado quando ficar sujo de sangue, no
mínimo 1 vez ao dia. A partir do momento em que não haja mais saída
de secreção, o local pode ficar descoberto.
Curativo
A incisão de tireoidectomia fica coberta por um curativo de
micropore.
Este curativo é formado por vários pedaços dispostos em paralelo e
tem uma tripla função:
proteger a incisão de bactérias e sujeiras servir como pontos falsos
auxiliando no resultado estético da cicatriz proteger do sol, que é
um dos grandes inimigos de uma boa cicatrização.
O paciente sai do hospital com este curativo, que só será trocado no
retorno de cirurgia, em consultório, após 1 semana.
Durante este período, quando o paciente for tomar banho, pode molhar
o curativo, devendo secar com uma toalha ou secador de cabelo, após
o banho.
Pós operatório
Náuseas e vômitos
Alguns pacientes que passam por uma anestesia geral, podem sentir
náuseas ou vômitos, depois da cirurgia, normalmente estes sintomas
ocorrem no dia da cirurgia e tendem a mehorar bastante no dia
seguinte, após uma noite de sono. Medicações para náuseas e vômitos,
ou anti-heméticos, são prescritos de rotina, para que o paciente não
sinta estes desagradáveis sintomas.
Dor
A tireoidectomia é uma cirurgia que apresenta um pós-operatório
pouco doloroso, porém é comum sentir uma sensação de garganta
inflamada, por até uma semana, após a cirurgia. A cada dia que
passa, espera-se uma melhora gradual.
Tosse
Os pacientes freqüentemente apresentam tosse no período
pós-operatório, devido à manipulação da traquéia e por inflamação
das cordas vocais pela intubação, durante a anestesia geral. Este
sintoma tende a regredir espontaneamente e medidas como inalação e
xaropes podem aliviar os sintomas.
Formigamentos e Cãimbras
Pacientes submetidos à tireoidectomia total podem sentir sintomas de
formigamentos ou cãimbras que normalmente ocorrem após o segundo dia
de pós-operatório. Estes sintomas devem ser tratados com altas doses
de cálcio e vitamina D, por via oral, mas pode ser necessário, em
alguns casos, a administração de cálcio endovenoso, em ambiente
hospitalar, quando o cálcio em comprimidos, não for suficiente.
Retorno ao consultório
O retorno para reavaliação pós-operatória ocorre de 7 a 10 dias.
Pontos
Os pontos normalmente são retirados 7 a 10 dias após a cirurgia.
Alguns tipos de suturas utilizam fios absorvíveis e não precisam ser
retirados.
Alimentação
Não há restrições alimentares específicas para a cirurgia de
tireóide. O paciente pode sentir um pouco de dor, ao engolir, no dia
da operação, recomendando-se uma dieta leve. No dia seguinte , este
incômodo é bem menor e normalmente está liberada uma dieta geral,
respeitando-se as restrições de antes da cirurgia, como dieta para
diabéticos e hipertensos.
Restrições
A principal restrição no pós operatório é quanto ao esforço físico.
Devese evitar atividades como carregar peso, ginástica, correr ou
atividades domésticas onde haja utilização de força. Este cuidado
visa diminuir o aparecimento de inchaço e possível sangramento no
local cirúrgico. Isto não quer dizer que haja necessidade de repouso
absoluto. É permitido andar, subir escadas, desde que com moderação.
O paciente pode movimentar o pescoço já nos primeiros dias, depois
da cirurgia, mas deve evitar traumas na região.
Medicações
Antiinflamatórios: são normalmente prescritos por 3 a 7 dias
no pósoperatório.
Evitam que o paciente sinta dor. Podem causar incômodos como
queimação no estômago.
Analgésicos: apesar da cirurgia evoluir com pouca dor, estes
medicamentos complementam o controle da dor, que os
antiinflamatórios propiciam.
Cálcio: seu médico orientará o uso de cálcio, principalmente
após cirurgia de tireoidectomia total. Ele é prescrito para evitar
ou tratar os sintomas desagradáveis da hipocalcemia, como
formigamentos e cãimbras. É utilizado quase sempre temporariamente e
será retirado conforme a função das glândulas paratireóides se
restabelecerem.
Reposição Hormonal: não há pressa para se iniciar a reposição
de hormônios tireoidianos pois o nível de levotiroxina demora a cair
na circulação sanguínea. Estes hormônios poderão ser administrados
imediatamente ou alguns dias depois da cirurgia.
A cirurgia de tireoidectomia total levará sempre à necessidade de
reposição hormonal pós-operatória. A tireoidectomia parcial pode ou
não necessitar de reposição. Fatores como a quantidade de tecido
tireoidiano remanescente e a presença de doença inflamatória crônica
(tireoidite) influenciam na possibilidade do paciente desenvolver
hipotireoidismo.
Fonte:
Adaptado de: Capuzzo, R. O que você precisa saber sobre
tireóide. Disponível em
www.sbccp.org.br
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